Universidade de Brasília exibe peça que compara rei Davi ao traficante Nem da Rocinha
Estreou
na última quarta feira na Universidade de Brasília (UnB) uma peça de
teatro que retrata o rei Davi como um “bandido social”. Dirigida por
Hugo Rodas, a peça é um musical formado por canções do dramaturgo Marcus
Mota, que compara o personagem bíblico ao cangaceiro Lampião e ao
traficante Nem da Rocinha.
Intitulada “Rei David”, a montagem teatral conta com 55 artistas,
entre eles 20 atores, 20 coristas e 15 músicos integrantes da “Brasília
Big Band”. A peça é uma realização do Laboratório de Dramaturgia e
Imaginação Dramática (LADI), do Departamento de Artes Cênicas e do
Instituto de Artes (IdA) da UnB.
De acordo com Mota, a peça vem para mostrar “um lado pouco comentado
da história do antepassado de Jesus Cristo”. A encenação questiona a
realeza do personagem bíblico, mostrando um homem comum que foi
transformado em herói pelo povo. Alguém que praticava crimes para
defender seu povo, um bandido social.
Para o dramaturgo, que também é professor na UnB, a narrativa do
espetáculo é mais política e estética do que religiosa. No musical, ele
aproxima a história do rei Davi à de personagens controversos, e até
mesmo de traficantes, afirmando que a trajetória dele foi apenas uma
forma de beneficiar a sim mesmo por meio de crimes.
- Queremos mostrar outros aspectos da história. Aquilo que está
implícito nos textos da Bíblia, a gente torna explícito. David é um
desses bandidos sociais, que acabam tendo papel de liderança para a
população, como Lampião, Robin Hood, Nem da Rocinha. A questão é que o
povo cria esses heróis. Eles não beneficiam o povo, eles é que são os
próprios beneficiados. O musical foi feito para refletir sobre o
populismo, que acontece hoje no Brasil – explica.
De acordo com o G1, o texto da peça é baseado em pesquisas
bibliográficas, em estudos como o do arqueólogo Israel Finkelstein,
feitas pelo Laboratório de Dramaturgia da UnB. Mota afirma que “os
estudos mostram que David não poderia ter sido rei porque no local onde
viveu era pequeno o número de habitantes”. Segundo ele, a região era
habitada por tribos nômades e bandidos e, portanto, não possuía
estrutura social para sustentar uma corte.
A peça fica em cartaz até o próximo domingo (2), em sessões às 19h e
21h, e faz parte das comemorações pelos 50 anos da universidade.
Por Dan Martins, para o Gospel+
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